Você sabia que em 2021 foi iniciado um processo de concessão do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, com potencial para acabar com a visitação como nós conhecemos?
O Parque seria concedido à iniciativa privada por 30 anos e, ao contrário do que normalmente acontece, a concessão seria de áreas e não de serviços
70% da área primitiva do Parque, onde estão as principais montanhas, entraria nesta concessão.
A empresa que ganhasse a concessão poderia explorar como bem entendesse a área concedida à ela.
Imagine que tudo o que você NÃO gostaria de ter ou ver em nossas montanhas seria possível!
Além disso, a concessão seria feita em um grande bloco, resultando na vitória de apenas uma empresa, deixando de fora o pequeno comércio e produtores locais.
E para piorar, a concessão não foi discutida em nenhum espaço consultivo ou deliberativo do Parque, veio direto de Brasília, elaborada pelo BNDES.
Assim que a noticia chegou ao Conselho Consultivo do PARNASO (do qual fazemos parte), começamos a estudar os documentos e a conversar com funcionários e outros membros dos Conselhos para entender os processos e suas consequências. O resultado foi uma grande manifestação contrária ao modelo de concessão e, seguindo sugestão da FEEMERJ, a criação do Movimento Abraço ao PARNASO.
O Movimento Abraço ao PARNASO culminou em três abraços simbólicos ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos, nos três municípios que o compõe: Petrópolis, Teresópolis e Guapimirim. Além disso, foram elaborados documentos e ações no Ministério Público solicitando transparência no processo de concessão.
O resultado foi uma grande vitória: o modelo de concessão foi abandonado e o modelo que nós defendemos começou a ser implementado. E qual modelo de concessão nós defendemos?
Um modelo de concessão de serviços que seja feito de forma pulverizada, permitindo que moradores e associações locais, com vínculos reais com o Parque, possam oferecer e gerir serviços dentro desta importante Unidade de Conservação.
Em vez de uma grande empresa aplicando um modelo genérico de gestão de serviços e pacotes de atividades, defendemos que as características únicas e típicas da região onde o Parque está inserido sejam exaltadas.
Que pequenos produtores possam ofertar seus produtos nas lanchonetes e cantinas, que o Parque movimente a economia dos Municípios de seu entorno em vez de levar dinheiro para uma grande corporação que não tem nenhuma preocupação com o Patrimônio Natural, Cultural e Imaterial do Parque Nacional e de seu entorno.
E o que vai acontecer agora?
Com o modelo inicial da concessão abandonado, começaram a ser organizadas oficinas no próprio Parque, abertas à participação comunitária, para construção coletiva do modelo de concessão.
Alguns resultados já podem ser vistos, como a recente abertura de edital para serviços de alimentação dentro do Parque.
Uma grande vitória foi o fortalecimento do vínculo entre a comunidade, o Parque e entidades que, como nós, trabalham pela preservação e mínimo impacto e pelo fortalecimento de um turismo de base comunitária, social e ambientalmente responsável.
NOS VEMOS NAS MONTANHAS !