Você já deve ter ouvido falar da carioca Mônica Pranzl. Se não ouviu, deveria. Com seu jeito discreto, um pouco tímido e modesto, foi pioneira e a grande responsável pela elevação do nível da escalada esportiva feminina no Brasil.
A primeira mulher, no Brasil, a encadenar vias de 8c, 9a, 9b e 9c. Nos anos 2000, fez uma pausa para trazer ao mundo Leo e Maria. Tempos depois, entre administrar casa, maternidade e trabalho, voltou para a rocha com a mesma paixão e dedicação que a fizeram se tornar uma das melhores escaladoras da geração dela e do Brasil, homem ou mulher.
Seu primeiro contato com a escalada foi no final dos anos 80, nas aderências de Poço Fundo (RJ). Mas a fissura pelo esporte veio mesmo quando foi iniciada nas falésias do Rio e da Serra do Cipó (MG), começando então a se dedicar à modalidade.
Nos anos 90, cercada por grandes escaladores da chamada “era de ouro” da escalada esportiva do Brasil, era frequentemente a única mulher nas falésias. Em 92, se tornou a primeira brasileira a guiar um 8c (Urubu Mestre). Ainda no Rio, fez o primeiro 9a feminino, (Urubu Sacana) e o segundo também (Bam-Bam, Campo Escola 2000). No Cipó, encadenou as clássicas Sombras Flutuantes e a Heróis da Resistência, primeiros 9b e 9c feminino e ainda hoje de respeito! Com a Barrinha, ganhou novo playground e botou no bolso, em 2001, outro clássico 9c nacional, a Filezão.
Mas nem só nas falésias Mônica fez história: nos campeonatos dos anos 90 e 2000, era presença garantida no pódium e favorita do público. Nas paredes, em 1999, formou uma cordada lendária com a saudosa Roberta Nunes, fazendo a terceira repetição (sendo a primeira feminina) da via No Velho Oeste (Pão de Açúcar).
Com técnica impecável e movimentos precisos, vê-la escalar sempre é um espetáculo. É comum a galera parar de conversar na base para vê-la em ação. Se ainda não teve esse privilégio, é fácil, Mônica pode ser encontrada nas melhores falésias do Brasil e mundo afora, onde segue inspirando e motivando diferentes gerações da escalada brasileira. A única diferença é que agora está cercada por mulheres e meninas que ajudou a inspirar.
Muito obrigada, Mônica!
Essa homengem contou com a colaboração de André Neves, Nado Cruz e Maria Pranzl. Fotos do acervo de Mônica Pranzl, André Neves, Nado Cruz, Helmut Becker e Thiago Diz.