Enquanto Federação, temos recebido inúmeros relatos de pessoas praticando montanhismo nesta época de incertezas. Neste âmbito, a FEMERJ não possui poder de polícia, tão pouco de órgão fiscalizador. Neste cenário, o papel da Federação mantém-se intacto, no que tange às recomendações, considerando as diretrizes éticas e de boas práticas no esporte.
Recentemente, um comunicado com as recomendações considerando o cenário de pandemia devido à COVID-19 foi amplamente divulgado, no intuito de nortear as ações dos praticantes de esportes de montanha, o qual pode ser lido na íntegra no nosso site.
Em complemento a tudo que já foi informado (recomendações estas mantidas pela Federação), cabe ressaltar que:
1) A maioria esmagadora dos parques e Unidades de Conservação (UCs) encontram-se atualmente fechadas ao público, sendo a sua visitação para a prática esportiva configurada como crime, passível de punições previstas na lei. Nestes casos, a melhor solução é a denúncia formal, frente aos entes responsáveis, ou a abertura de um boletim de ocorrência (https://dedic.pcivil.rj.gov.br/).
A denúncia à FEMERJ, ou a simples portagem em mídias sociais, não resolverá absolutamente nada.
2) Áreas de escalada e caminhada, por mais remotas que sejam, mesmo estando fora de parques e UCs, necessitam de um acesso, sendo este, muitas vezes, feito por ambientes comuns, nos quais outras pessoas estão tentando se precaver quanto à pandemia, pessoas estas, muitas vezes, em condições menos avantajadas. Um bom exemplo disso são os trabalhadores rurais, que precisam manter suas atividades, enquanto montanhistas levam o risco aos seus ambientes, por mero lazer.
3) Como montanhistas, temos uma tradição secular, de boa vizinhança e cortesia entre diversos personagens que não praticam o nosso esporte, mas que vivem próximos às áreas onde praticamos, muitas vezes, inclusive, dependendo deles, seja para a manutenção da região, seja para a passagem por terrenos particulares, ou seja apenas para uma boa prosa. Entretanto, nesta época de pandemia, ao adentrar nestas regiões sem estrita necessidade, gera-se um risco àqueles mesmos que devemos ser corteses. Portanto, não podemos colocar toda uma história forjada em solidariedade e colaboração mútua em xeque. Não podemos mais pensar no “eu”, mas sim, no “nós”.
4) O simples ato de ir para ambientes naturais, sobretudo quando há divulgação (em mídias sociais e demais meios eletrônicos), instiga outras pessoas a repetirem os feitos, gerando uma “bola de neve”, transgredindo completamente o isolamento social.
Conforme dito anteriormente, a FEMERJ não possui poder de polícia e/ou fiscalização. E da mesma forma, entendemos que o momento não é de “apontar dedos”, mas sim, de conscientização. Cada indivíduo deve estar consciente de seus atos, sobretudo, visando o bem maior.
Temos orgulho de, como montanhistas, praticarmos um dos esportes mais solidários do planeta.
Que durante este período sombrio, demonstremos esta qualidade com maior intensidade!