ALERTA: VIA CEPI, Pão de Açúcar

ALERTA: VIA CEPI, Pão de Açúcar

Recomendamos a não repetição da Via CEPI, na face Oeste do Pão de Açúcar.

Se optar por fazê-lo, faça segurança com corda como em vias de escalada em livre.

No dia 10/04/2024 ocorreu a ruptura de um dos pontos intermediários de fixação do cabo na Via CEPI.

Os pontos intermediários de fixação tem a função principal de direcionar e afastar o cabo da rocha.

Foi feita uma inspeção em 11/04/2024 e os resultados estão sendo avaliados.

Nos próximos dias, a FEEMERJ vai realizar uma inspeção detalhada em toda via para sinalizar as substituições e ajustes necessários.

Diretoria C.E.C

Diretoria C.E.C

O Clube Excursionista Carioca sempre foi um clube arrojado, com histórico forte principalmente na escalada em rocha. Sempre contou com membros icônicos na modalidade e conquistas incríveis. Alguns exemplos são as vias “Sombra e Água Fresca” (Irmão Menor do Leblon), “Patrick White” (Irmão Maior do Leblon), “Pico da Foca” (Espírito Santo), “Lagartão” (Pão de Açúcar) e “C-100” (Pedra da Gávea) vias extremamente avançadas para os padrões da época.

Não nos surpreende que, um clube que sempre teve um olhar tão a frente seja o primeiro clube do Brasil a ter uma diretoria 100% feminina.

Se no início do montanhismo as mulheres eram poucas, há não muitas décadas atrás um número bem limitado guiava vias de escalada e vias conquistadas por mulheres nem existiam. Coicidentemente (ou não), as primeiras vias conquistadas inteiramente por mulheres contaram com mulheres do CEC.

Encerrando esse mês de homenagens, saudamos o CEC por mais esse capítulo da história do montanhismo: a primeira diretoria 100% feminina do Brasil.

Deixamos aqui registrado nosso orgulho de caminharmos ao lado de vocês. Desejamos sucesso e seguimos juntas trabalhando pelo montanhismo carioca.

A chapa eleita para a diretoria do Carioca, em 2023, era composta por:

  • Ciça Ferreira (Presidencia)
  • Paula Caetano (vice-presidencia)
  • Renata Costa (diretoria técnica)
  • Ana Carolina Souza (vice-diretoria técnica)
  • Vanesa Ogliari (tesouraria)
  • Laura Tani (secretaria)
  • Monique Cirino (diretoria Social)

 

Para conhecer a história do CEC visite: carioca.org.br

Homenagem: Mônica Pranzl

Homenagem: Mônica Pranzl

Você já deve ter ouvido falar da carioca Mônica Pranzl. Se não ouviu, deveria. Com seu jeito discreto, um pouco tímido e modesto, foi pioneira e a grande responsável pela elevação do nível da escalada esportiva feminina no Brasil.

A primeira mulher, no Brasil, a encadenar vias de 8c, 9a, 9b e 9c. Nos anos 2000, fez uma pausa para trazer ao mundo Leo e Maria. Tempos depois, entre administrar casa, maternidade e trabalho, voltou para a rocha com a mesma paixão e dedicação que a fizeram se tornar uma das melhores escaladoras da geração dela e do Brasil, homem ou mulher.

Seu primeiro contato com a escalada foi no final dos anos 80, nas aderências de Poço Fundo (RJ). Mas a fissura pelo esporte veio mesmo quando foi iniciada nas falésias do Rio e da Serra do Cipó (MG), começando então a se dedicar à modalidade.

Nos anos 90, cercada por grandes escaladores da chamada “era de ouro” da escalada esportiva do Brasil, era frequentemente a única mulher nas falésias. Em 92, se tornou a primeira brasileira a guiar um 8c (Urubu Mestre). Ainda no Rio, fez o primeiro 9a feminino, (Urubu Sacana) e o segundo também (Bam-Bam, Campo Escola 2000). No Cipó, encadenou as clássicas Sombras Flutuantes e a Heróis da Resistência, primeiros 9b e 9c feminino e ainda hoje de respeito! Com a Barrinha, ganhou novo playground e botou no bolso, em 2001, outro clássico 9c nacional, a Filezão.

Mas nem só nas falésias Mônica fez história: nos campeonatos dos anos 90 e 2000, era presença garantida no pódium e favorita do público. Nas paredes, em 1999, formou uma cordada lendária com a saudosa Roberta Nunes, fazendo a terceira repetição (sendo a primeira feminina) da via No Velho Oeste (Pão de Açúcar).

Com técnica impecável e movimentos precisos, vê-la escalar sempre é um espetáculo. É comum a galera parar de conversar na base para vê-la em ação. Se ainda não teve esse privilégio, é fácil, Mônica pode ser encontrada nas melhores falésias do Brasil e mundo afora, onde segue inspirando e motivando diferentes gerações da escalada brasileira. A única diferença é que agora está cercada por mulheres e meninas que ajudou a inspirar.

Muito obrigada, Mônica!

Essa homengem contou com a colaboração de André Neves, Nado Cruz e Maria Pranzl. Fotos do acervo de Mônica Pranzl, André Neves, Nado Cruz, Helmut Becker e Thiago Diz.

 

Homenagem: Kika Bradford

Homenagem: Kika Bradford

Ela é tímida, fala pouco quando cercada de pessoas que não conhece. Há quem diga que não é lá muito simpática rs, mas Kika tem um sorriso fácil e o coração gigante. É uma dessas pessoas que revela sua doçura com o tempo. Leva muito a sério o montanhismo e vem fazendo dele seu caminho de vida.

Quem olha para Kika de relance, talvez não tenha noção da força dessa mulher. Kika Bradford é forte, muito forte, e seu caráter e determinação são exemplos disso.

Começou a escalar em 1998 e nunca mais parou: Rio de Janeiro, Patagônia, Estados Unidos…não há limites para ela. Conquistadora de diversas vias pelo Brasil, Kika gosta de desafios: equipamentos móveis, lugares remotos, vias longas… para ela, quanto mais aventura, melhor. Morou nos EUA, onde aprendeu sobre escalada alpina e a esquiar, complementando suas habilidades no montanhismo.

Mas nem só nas montanhas Kika deixou sua marca: foi a primeira presidente mulher da AGUIPERJ – atual ABGM (2005 a 2007), FEEMERJ (2015 a 2016) e CBME (2017 a 2020). Foi também coordenadora do Programa Acesso às montanhas do Brasil e da América Latina (Acceso PanAm), onde atuou incansavelmente para que recuperássemos acessos e não perdêssemos tantos outros. Uma batalha exaustiva que lhe demandou muito tempo, paciência e dedicação. Mesmo morando fora do Brasil, Kika segue atuando pelos acessos no montanhismo como membro da diretoria do Acceso PanAM.

Seu bom humor nunca a impediu de ser dura quando necessário e brigou muito pelo montanhismo brasileiro. Desde a participação em Conselhos e Câmaras Temáticas de Unidades de Conservação, passando pela realização de eventos e campeonatos, e pela difusão da cultura e ética de montanha. Muito do que conquistamos até hoje através do montanhismo organizado, tem os dedinhos da Kika.

Kika Bradford é sem dúvida uma das mulheres mais inspiradoras e comprometidas do montanhismo brasileiro. Seu trabalho e dedicação são referência para todos nós e sua força nos inspira na montanha e fora dela.

Obrigada Kika, por todo trabalho, entusiasmo, coragem e carinho! O montanhismo brasileiro não seria o mesmo sem você!

As fotos dessa homenagem foram gentilmente cedidas por Vanessa Machado, Seblen Montovani e André Neves.

 

Sereias Desvairadas: uma história inspiradora

Sereias Desvairadas: uma história inspiradora

Você sabia que uma das primeiras vias de escalada conquistada por mulheres no Brasil foi em uma ilha aqui no Rio de Janeiro?

Enquanto batiam o último grampo do Paredão Lilith (1987, morro dos Cabritos) Kátia, Lílian e Valéria olharam pro horizonte e avistaram seu novo objetivo: as ilhas Cagarras.

Não demorou muito para que procurassem Simone Duarte, experiente remadora e proprietária dos caiaques que as levariamà Ilhas.

Depois de breve iniciação à canoagem, Katia, Lilian, Simone e Valéria iniciaram a conquista de uma das mais icônicas vias do Rio de Janeiro e um marco na escalada feminina brasileira: a Sereias Desvairadas.

A conquista começava na praia de Ipanema, de onde elas saiam com os caiaques
carregando todo materal da conquista.

Chegando na ilha, era preciso se secar, trocar de roupa para que, secas, começassem a escalada.

A história é repleta de fatos curiosos(incluindo os que originaram o nome da via): perda de
material e todo tipo de aventura que uma façanha como essa pode proporcionar, incluindo quedas.

Após a fratura do pé por causa de um queda na conquista, Kátia fica impossibilitada de participar das investidas seguintes e Teresa Aragão se junta ao grupo.

A via foi finalizada em março de 1988, entrando pra história da escalada brasilieira.

Katia, Lilian, Simone, Valéria e Teresa não tinham idéia do tamanho de sua conquista e influência em todas as gerações de mulheres escaladoras que as seguiram.

Na época, eram poquíssimas as mulheres escaladoras e, as poucas que existiam, escalavam sempre acompanhadas por homens. Pouquíssimas guiavam. O simples fato de mulheres sairem juntas para escalar (sem a presença de escaladores homens), era motivo de espanto e certo desconforto.

Um via conquistada somente por mulheres, naquela época era salto gigantesco.

Felizmente, existiram e existem mulheres como elas, que não se deixaram abater e
seguiram em frente, derrubando barreiras, destruindo paradigmas e conquistando não só vias, mas espaços fundamentais para a vida e imaginário feminino.

À todas elas, nosso muito obrigada!

As fotos utilizadas nesse texto são do acervo das conquistadoras e foram obtidas através de matéria publicada no jornal Extra e exibidas durante live no canal do Centro Excursionista Carioca.

Os croquis do “Paredão Lilith” e da “Sereias Desvairadas” e estão disponíveis na croquiteca do CEC.